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Saúde Mental Importa !

 17 de março de 2020

              O mundo psíquico de um adolescente está em ebulição, ainda não atingiu a maturidade emocional. Há maior dificuldade para lidar com conflitos interpessoais, término de relacionamentos, vergonha ou humilhação e rejeição pelo grupo social. A tendência ao imediatismo e à impulsividade implica maior dificuldade para lidar com a frustração e digerir a raiva. Perfeccionismo e autocrítica exacerbada, problemas na identidade sexual, bem como bullying, são outros fatores que se combinam para aumentar o risco.
            Um adolescente pode ter centenas de likes na rede social virtual, mas pouquíssimos, ou nenhum, seres humanos reais com quem compartilhar angústias. O mundo adulto, como um ideal cultural alcançável por pequena parcela de vencedores, fragiliza a autoestima e a autoconfiança de quem precisa encontrar o seu lugar em uma sociedade marcada pelo individualismo, pelo exibicionismo estético, pela satisfação imediata e pela fragilidade dos vínculos afetivos.
        Quando dominados por sentimentos de frustração e desamparo, alguns adolescentes veem na autoagressão um recurso para interromper a dor que o psiquismo não consegue processar. Quando o pensar não dá conta de ordenar o mundo interno, o vazio e a falta de sentido fomentam ainda mais o sofrimento, fechando-se assim um círculo vicioso que pode conduzir à morte. Nos suicídios impulsivos, a ação letal se dá antes de haver ideias mais elaboradas capazes de dar outro caminho para a dor psíquica. O ato suicida ocorre no escuro representacional, como um curto-circuito, um ato-dor.
      Há, também, os suicídios que se vinculam a transtornos mentais que incidem na adolescência, como a depressão, o transtorno afetivo bipolar e o abuso de drogas. Diagnóstico tardio, carência de serviços de atenção à saúde mental e inadequação do tratamento agravam a evolução da doença e, em consequência, o risco de suicídio.
Pensamentos suicidas são frequentes na adolescência, principalmente em épocas de dificuldades diante de um estressor importante. Na maioria das vezes, são passageiros; por si só não indicam psicopatologia ou necessidade de intervenção. No entanto, quando os pensamentos suicidas são intensos e prolongados, o risco de levar a um comportamento suicida aumenta.
            Estão listados a seguir alguns sinais que alertam sobre a provável existência de risco de suicídio. Muitos desses sinais são inespecíficos, pois também aparecem quando do surgimento de alguns transtornos mentais que podem ter início na adolescência (esquizofrenia, depressão, drogadição e transtorno afetivo bipolar).

 

     Sinais de alerta em relação a risco de suicídio em adolescentes:


• Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
• Comportamento ansioso, agitado ou deprimido
• Piora do desempenho na escola, no trabalho, em outras atividades que costumava manter
• Afastamento da família e de amigos
• Perda de interesse em atividades de que gostava
• Descuido com a aparência
• Perda ou ganho inusitados de peso
• Mudança no padrão usual de sono
• Comentários autodepreciativos persistentes
• Comentários negativos em relação ao futuro, desesperança
• Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade, acessos de raiva)
• Comentários sobre morte, sobre pessoas que morreram, interesse por essa temática
• Doação de pertences que valorizava
• Expressão clara ou velada de querer morrer ou de pôr fim à vida

 

          Prevenção do suicídio entre os adolescentes não quer dizer evitar todos os suicídios, e sim uma só morte que possa ser evitada, a do adolescente que está ao seu lado. O que fazer? De modo simplificado, sugerimos três passos. Memorize o acrônimo ROC: reparar no Risco, Ouvir com atenção, Conduzir para um atendimento.
        O primeiro passo é a própria suspeita do Risco de ocorrer um suicídio. Isso é muito perturbador, fere devoções e expectativas; a repulsa é automática. Se houver sinais – e nem sempre eles são dados – não os reconhecemos como tais. Em uma conversa franca, pergunte ao adolescente sobre ideias de suicídio. Ao Ouvir a resposta, ouça com atenção e respeito, sem julgar ou recriminar, não se apresse em preleções morais ou religiosas. O terceiro passo é conduzir o adolescente até um profissional de saúde mental, ou seja, não ficar paralisado. Uma pessoa fragilizada e sem esperança, como ocorre com quem se encontra deprimido, não tem a iniciativa espontânea de buscar ajuda.
          A prevenção do suicídio, ainda que não seja tarefa fácil, é possível. Não podemos silenciar sobre a magnitude e o impacto do suicídio de adolescentes em nossa sociedade. Não todas, mas considerável porção de mortes pode ser evitada.

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